segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Exposição Virtual

Quadro da Cronologia da Revolução em  Minas

Quadro da Revolução Liberal de 1842

Quadro do patrono da exposição, Joaquim Rodrigues de Almeida

Em destaque o livro do Cônego Marinho sobre a Revolução Liberal de 1842, editado pelo Joaquim Rodrigues de Almeida em 1939  em Cons.Lafaiete.


Cópia do documento assinado pelo Ministro da Justiça da época, Jose Clemente Pereira, nomeando o Barão de Caxias comandante das forças imperiais na Provincia de Minas Gerais.

Quadro das principais batalhas do movimento revolucionário em  Minas. Araxá, Queluz e Santa Luzia, biografia de Teofilo Otoni e texto sobre a Revolução em Minas da historiadora Valéria Cristina

A presença do projeto Memória Viva Queluz de Minas nas comemorações dos 169 anos da Revolução Liberal de 1842 em Santa Luzia

João Vicente entregando ao Juiz de Direito Sr. Marcos Henrique Caldeira Brant na Casa de Cultura de Santa Luzia, certificado de reconhecimento pela sua participação como palestrante e o apoio  dado à 1ª Mostra Cultural Movimento Revolucionário de 1842- Batalha de Queluz

João Vicente com o Sr. Juiz Marcos Brant no salão da Pinacoteca do Memorial da Revolução Liberal de 1842 em santa Luzia

Autoridades civis e militares  depositam no marco dedicado aos combatentes  revolucioários e legalistas tombados na batalha de Santa Luzia  no dia 20 de agosto de 1842, uma coroa de flores

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

As comemorações da Batalha de Santa Luzia

Participamos das comemorações da Batalha de Santa Luzia neste sábado, dia de 20 agosto, representando o projeto "Memória Viva Queluz de Minas", a convite do  M.M. Juiz de Direito Marcos Henrique Caldeira Brant.O evento cívico-militar tem a participação do Exército brasileiro  que comemora a Semana do Soldado no âmbito da 4ª RM - Região das Minas do Ouro. Na programação da  Solenidade Cívico-Militar Comemorativa dos 169 anos da Revolução Liberal de 1842 tivemos:
- Inauguração de Quadros na Pinacoteca da Sala da Revolução de 1842 na Casa da Cultura
- Condecoração da Láurea Cruz da Batalha de Santa Luzia no Sítio Histórico - Muro de Pedras(Recanto dos Bravos)
Crédito da foto: site da 4ª Região Militar de MG
Autoridades Civis e Militares depositando coroa de flores no marco da Revolução Liberal de 1842 em Santa Luzia - Muro de Pedras - Recanto dos Bravos. Idealizador do evento que comemora o dia da Batalha de Santa Luzia e da entrega da Comenda Batalha de Santa Luzia é o Juiz de Direito e parceiro do projeto "Memória Viva Queluz de Minas" Marcos Henrique Caldeira Brant na foto é o primeiro da direita.              A  ele, os nossos sinceros agradecimentos pela acolhida em Santa Luzia e a confiança  nosso trabalho.
João Vicente
Célio Faria
Geraldo de Castro

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Curiosidades da Mostra Virtual Movimento Revolucionário de 1842 em Queluz

Matéria do Antonio Perdigão do Arquivo e Museu que leva seu nome em Cons.Lafaiete sobre a transferência das reuniões da Câmara de Queluz para Catas Altas da Noruegua que na época era distrito de Queluz.O pesquisador traz também a transcrição dos ofícios que foram enviados pelo presidente da Província Bernado da Veiga á Camara de Queluz.

Cópia do ofício assinado pelo Bernardo da Veiga  que determina a transferência da Câmara de Queluz para Catas Altas da Noruegua



Muro de Pedra.
Local onde as tropas legalistas ficaram acampanhas em Catas Altas da Noruegua, aguardando autorização
para atacar Queluz

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Os Banner da exposição

 Banner 1 - Projeto Memória Viva Queluz de Minas


 Banner 2 - Revolução Liberal de 1842 e o Grito de Sorocaba
 Banner 3 - A Revolução em Minas
 Banner 4 - Queluz no movimento em Minas
Banner 5 - Os marcos da Revolução





















Banner 6 - Batalha de Sta Luzia e a marcha pacificadora de Caxias em Minas

Novos agradecimetos

Não poderiamos de deixar de agradecer também os empresários João Vitor e seu filho Bruno da Tetraminas, Alex o Coelho do SJT-Eng.Topografia, o Reginaldo do Cop Line, Michel  da Qualaty, os abnegados trabalhadores Junior e Junim da MinasPlacas,o historidor e militante dos movimentos sociais Leleco o nosso amigo Paulo, funcionário da Câmara Municipal.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Revolução Liberal de 1842 em SP e MG



   Movimento político armado promovido pelo Partido Liberal que teve lugar nas províncias de Saõ Paulo e Minas Gerais. 

Rio Pomba, Queluz foram as primeiras Villas  à aderir e reconhecer o governo revolucionário instalado na cidade de Barbacena no dia 10 de junho de 1842. Em torno de 15 municipios, dentre eles  Santa Luzia, Santa Bárbara, Caeté e Sabará  apoiaramosliberais mineiros.

Queriam os rebeldes liberais retomar o governo através da luta armada. Eles formariam a Coluna Libertadora que marcharia até ao Rio de Janeiro para derrubar o Governo Conservador.

O Governo Imperial decidiu continuar com seu apoio aos conservadores. Para combater os revoltosos liberais foram organizadas tropas lideradas pelo Barão de Caxias.

Tanto os liberais de São Paulo quanto os liberais de Minas Gerais foram derrotados e presos pelos comandados de Caxias.
Os que conseguiram escapar do cerco de Caxias
refugiaram-se no Rio Grande do Sul, onde foram acolhidos pelos Revolucionários Farroupilhas.
Com a subida do Partido Liberal ao poder em 1844, todos os liberais envolvidos na Revolta Liberal de 1842 foram anistiados.

Revolta originaria das disputas politicas entre Liberais e Conservadores.

A Revolução Liberal de 1842 foi um levante dos liberais da província de São Paulo e Minas Gerais.

Ao final das Eleições do Cacete o Partido Liberal havia conseguido eleger a maioria dos deputados eleitos para a Assembleia dos Deputados.

O Partido Conservador sabia que os Liberais haviam fraudado estas eleições e por isso buscou a anulação da mesma.

O Conselho de Ministros, formado na maioria por Conservadores, solicitou a D. Pedro II que anula-se os votos da Eleição do Cacete. Em 1842 O Ministério Liberal foi dissolvido e os Conservadores novamente retornaram ao poder.

Não aceitando esta troca de ministério, os Liberais iniciaram uma revolta que ficou conhecida como Revolução Liberal de 1842.

Liberais de duas províncias aderiram a revolução, São Paulo e Minas Gerais.

Em São Paulo a Revolta Liberal iniciou-se na Cidade de Sorocaba. Na província paulista, o movimento foi liderado pelo ex-regente Antônio Feijó e pelo Brigadeiro Tobias de Aguiar. As cidades de Taubaté, Pindamunhengaba, Lorena e Silveira decidiram apoiar os Liberais.

Em Minas Gerais a liderança da revolução ficou nas mãos de Teófilo Otoni. As cidades


Fonte:  Historioteca Brasil - blog da História do Brasil

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Exposição virtual " Movimento Revolucionário de 1842-Batalha de Queluz"

Vamos iniciar aqui no nosso blog a exposição virtual da Mostra. O internauta visitante poderá viajar na história  desse acontecimento histórico de maior importância no período imperial e pouco conhecido pelo público em geral. Iremos expor documentos escritos da época, fotos, pinturas com destaque para a presença de Queluz no movimento em Minas.

1-  Os ofícios e a proclamação do dia 10 de junho de 1842. Nesse dia na cidade de Barbacena inicia-se a Revolução em Minas e na capital,Ouro Preto, o presidente da província Bernadino da Veiga ignora o movimento.

Primeiro documento: Ofício referente a decisão da Câmara de Barbacena convocando o Cel Jose Feliciano,futuro Barão de Cocais à assumir a presidência interina do governo revolucionário em Minas.
Segundo documento:  Ofício  do Cel Jose Feliciano aceitando a decisão da Câmara e tornando-se presidente interino da província de Minas Gerais a partir daquela data, 10 de junho de 1842.
Terceiro documento  Proclamação da Revolução em Minas. É o primeiro documento oficial  escrito pelo governo revolucionário de Barbacena e dirigidos aos 42 municípios existentes na época.
Quarto documento : Ofício do presidente legalista Bernadino da Veiga para o Ministro da Justiça informando ao Ministro da Justiça sobre a situação da província.

 Palácio do governo dos revolucionários em Barbacena
 Palácio do governo legalista em Ouro Preto, capital da província de Minas Gerais


 Acima, Jose Feliciano, presidente  interino do governo revolucionário em Minas.Abaixo, presidente legalista da provincia de Minas Gerais, Bernadino da Veiga.
                Quadros do acervo "Memorial revolução Liberal de 1842" da casa da Cultura de Sta Luzia







                 




segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Agradecimentos

A coordenação da 1ª Mostra Cultural do Movimento Revolucionário-Batalha de Queluz através do seu blog, vem a público agradecer a todos e a todas que diretamente e indiretamente contribuíram para a realização desse evento.

Colaboradores:
- D.Avelina, Eneida Carvalho,Marcos de Nilo,Vasco, Sr. Marcos Brant, Sr.Fernando Brandão,Sr.Duílio Battistoni,Douglas Henrique,Sr.Jose Aloísio

Parceiros:
Secretária Municipal de Cultura
Colégio Nazaré
Câmara Municipal de Cons.Lafaiete
Centro de Ciências,Letras e Artes de Campinas-SP
Instituto Histórico,Geográfico de Minas Gerais
Academia de Ciências,Letras de Cons.Lafaiete
Direção Fórum Comarca de Cons.Lafaiete
Arquivo do Conhecimento Claudio Manoel da Costa de Piranga

Patrocinadores:
Tetraminas
SJT-Eng.Topografia
Posto São João
Droganova
Cantinho do Livro
All Art

A imprensa local e os seus profissionais que divulgaram e que estiveram  presente na abertura do evento em especial o Caderno de Cultura do jornal Correio de Minas.

Um agradecimento especial ao Sr. Secretario de Cultura,João Batista e toda a sua equipe da Secult.,Irmã Camila Diretora do Colégio Nazaré, os palestrantes do IHGMG, Sr. Fernando Brandão e Sr. Marcos Brant, o Sr. Duílio Battistoni do CCLA.
E por último, um agradecimento prá lá de especial a todos e a todas abnegados patriotas que fizeram presentes na abertura e nas conferências, o nosso muito obrigado.

João Vicente
Geraldo Castro
Célio Faria
Idealizadores/Organizadores/Coordenadores
da 1ª Mostra Cultural do Movimento Revolucionário de 1842-Batalha de Queluz
do Projeto Memória Viva Queluz de Minas

D.Inês Battistoni, esposa do Sr.Duílio Battistoni com João Lucas,filho do João Vicente na entrada do  auditório do Nazaré.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Sessão de fotos


Estamos publicando algumas  fotos que foram tiradas durante os eventos e agradecemos a presença de todos e de todas pessoas que lá estiveram prestigiando a 1ª Mostra Cultural do Movimento Revolucionário de 1842-Batalha de Queluz

falta de escrupúlo

Infelizmente existem pessoas que estão entre nós para fazer brincadeiras de mal gosto.São pessoas sem personalidade e sem escrúpulo.Não sei como mas alguém descobriu a nossa senha e alterou na parte debaixo de cada postagem introduzindo uma frase que não condiz com o objetivo do blog.Não somos homofóbicos muito pelo contrário, defendemos os direitos iguais para todos independentemente qual seja sua cor,religião,partido e sua opção sexual.Portanto, nós do projeto Memória Viva Queluz de Minas, repudiamos à atitude bestial da pessoa que usou de má fé e entrou em nosso blog com intuíto de banalizar o debate sobre os direitos de um segmento importante da sociedade que são os gay, achando com isso que irá diminuir o nosso trabalho.Seguimos em frente com a nossa história e a nossa luta em defesa da memória cultural da nossa terra !

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O Combate da Venda Grande

Encerramos na sexta-feira, 29/07 no auditório do Nazaré as conferências da 1ª Mostra Cultural do Movimento Revolucionário de 1842-Batalha de Queluz com a palestra sobre  " O Combate da Venda Grande", proferida pelo historiador e diretor do Centro de Ciências, Letras e Artes-CCLA de Campinas-SP, o Sr. Duílio Battistoni.Segue na íntegra a sua palestra.
O combate de Venda Grande


Falar da Revolução Liberal é enaltecer uma das mais belas páginas de nossa história, cujo ponto alto não se encontra na envergadura dos feitos militares, mas na bravura cívica dos que a escreveram. Desde São Paulo, de onde se irradiou para Minas Gerais, com repercussão em outras províncias, o importante episódio histórico caracterizou-se pelo idealismo e pela fidelidade de sua gente aos seus ideais políticos, considerados relevantes para o país.
A Revolução teve curta duração e pode parecer à primeira vista, inexpressiva. Todavia, o fato vale, ao menos, pela grandiosidade dos vultos participantes que jamais se comprometeriam levianamente, como vale também, pelo objetivo que eles nutriam, empenhados somente na conquista do melhor para o Brasil. As razões que levaram ao movimento armado são muitas .A Constituição de 1824, a primeira do Império, deu ao Brasil a condição de um Estado unitário, com forte centralização de poder; o País era dividido em províncias, sem autonomia, com presidentes nomeados pelo imperador. Após a abdicação de D.Pedro I, em 1831, delineiam-se os primeiros movimentos que irão confluir nas correntes políticas dos Partidos Conservador e Liberal, responsáveis pela estabilidade de nossa monarquia parlamentar. O Ato Adicional de 1834, ao reformar a Constituição, criou as Assembléias Legislativas Provinciais, continuando, porém, os presidentes de livre escolha do Imperador, ocasionando o descontentamento popular. Apesar das divergências, o equilíbrio político manteve-se até 1840, quando os conservadores conseguiram a aprovação da chamada “Lei de Interpretação do Ato Adicional”, praticamente anulando a descentralização conquistada. A própria criação do Conselho de Estado aumentava ainda mais o poder do Estado. Outra reação contra a “oligarquia conservadora”, segundo os liberais, foi a reforma do Código Criminal, uma medida arbitrária, pois diminuía a autonomia do júri, permitia a prisão a título de averiguação, sem culpa formada, e suprimia a inviolabilidade domiciliar. O processo de nomeação de delegados e autoridades policiais também punha todo o poder nas mãos do imperador e extinguia as conquistas liberais dos últimos anos. Não podemos esquecer que a Guarda Nacional era um instrumento eficiente da aristocracia rural e atuava como força repressiva subordinada ao comando regional. Pouco depois, com a vitória dos liberais, a Câmara dos Deputados é dissolvida, representando um autêntico Golpe de Estado. Portanto, os liberais ficaram desapontados pelas imposições conservadoras, tidas como autoritárias e anticonstitucionais.
A idéia revolucionária teria tomado conta de toda a Província de São Paulo, tendo Sorocaba apelado para o recurso das armas em 17 de maio de 1842, na defesa do superior princípio da lei maior, que permitia a livre expressão das províncias, na voz de suas Assembléias Legislativas. No Rio de Janeiro, líderes da Maçonaria e membros da “Sociedade dos Patriarcas Invisíveis”, fundada por iniciativa de José de Alencar, enviavam instruções para o movimento armado, tentando assim dividir e desorganizar as forças de repressão. Na Corte, por outro lado, gerava grande apreensão a possibilidade da ligação dos liberais paulistas e mineiros com os farroupilhas e de um possível apoio do Rio de Janeiro. O descontentamento era geral a tal ponto que os liberais, sem outra alternativa, resolveram apelar para um recurso extremo, o levante das armas. Entretanto, o seu preparo militar era bastante precário, pela má qualidade das armas, pouca munição, com muita improvisação e dispersão. Assim mesmo, o movimento alcançou, além da capital, algumas vilas, onde os liberais eram mais atuantes como Campinas, Limeira, Itu, Piracicaba e Porto Feliz. A revolta foi organizada pela oligarquia agrícola, e os pretextos foram a substituição do presidente da Província de São Paulo, Rafael Tobias de Aguiar, consagrado liberal sorocabano, e o adiamento do funcionamento das câmaras legislativas. Segundo alguns historiadores, Rafael não se entusiasmou, de início, com a idéia de insurreição por achá-la prematura, o que não quer dizer que não a tivesse vislumbrado, imaginado, idealizado. Quem mais se empenhou foi o ex-regente do império, padre e senador Diogo Antonio Feijó, então residente em Campinas. Totalmente avesso às desordens, forneceu pleno apoio a Tobias e aos revolucionários paulistas. Doente, hemiplégico, deslocou-se, mesmo assim, a Sorocaba, onde se postou ao lado do amigo e fez imprimir o jornal “O Paulista” na tipografia que conseguira de seu amigo Hércules Florence – também chamado de o inventor da fotografia – com a finalidade de estimular os ânimos sediciosos. Feijó dava assim início à imprensa no interior paulista. Amigo de Caxias, não foi preso. Apenas lamentava que a revolução não tivesse começado na capital da província.
Vale ressaltar a bela página reservada a Minas Gerais no processo revolucionário. É digno de destaque, por exemplo, a participação cívica de Teófilo Ottoni, notório liberal que se inspirara nos ideais de Thomas Jefferson e que no seu jornal “Sentinela do Serro” afirmava que “o fim de toda associação política é a conservação dos direitos naturais, a liberdade e a resistência à opressão”. Dentre as suas façanhas no movimento liberal foi o episódio da Ponte do Paraibuna, quando impediu e retardou as tropas imperiais que vinham do Rio de Janeiro. Devemos destacar também o heroísmo dos liberais de Conselheiro Lafayette, então Queluz, quando num primeiro momento derrotaram as tropas legalistas no Largo da Matriz de Nossa Senhora da Conceição. É claro, que no final da Revolução, os liberais foram vencidos, mas os reflexos positivos desta resistência idealista viriam pouco depois, com a instalação, pelo imperador d. Pedro II, do regime de alternância, com ministérios de todas as correntes, conservadores e liberais, tendo se destacado a figura ímpar do conselheiro Lafayette Rodrigues Pereira.
A Revolução Liberal de 1842 ocorreu no mesmo ano em que a Vila de São Carlos emancipou-se à categoria de cidade, passando a chamar-se Campinas, que se destacava pela sua força política e por uma forte economia açucareira, o que explica a grande quantidade de engenhos na região. Nessa ocasião, a presidência da província era ocupada pelo conservador José da Costa Carvalho, o Barão de Monte Alegre, e a Câmara Legislativa campineira era formada só por seus correligionários, obrigando os liberais revolucionários a se acantonarem fora da cidade, onde crescia o número de participantes aptos para a luta armada. Na antiga estrada de Limeira havia um sobrado conhecido como “Engenho da Lagoa” ou “Sítio do Teodoro”, inicialmente centro de fabricação do açúcar e depois entreposto comercial de mantimentos e que acabaria sendo chamado de “Venda Grande” pela sua grandiosidade. Pois bem, neste local deu-se o combate a 7 de junho de 1842, quando as forças liberais campineiras, com apenas 400 combatentes, mal preparados, mal vestidos, mal calçados e dispersos, servindo-se de armas obsoletas como espingardas de pederneiras, chefiadas por Antonio Manoel Teixeira e o major Galvão, foram derrotadas pelas forças imperiais, melhor preparadas com armas de longo alcance como as reiúnas, tendo no comando o coronel José Vicente do Amorim Bezerra, substituindo Caxias que não veio a Campinas. O combate foi sangrento, deixando um saldo de 19 mortos, 15 prisioneiros e muitos feridos. Ao deixar o Engenho, o coronel Bezerra deixou uma tropa assalariada sob a responsabilidade do padre Ramalho, poderoso chefe político conservador que errou ao não comparecer em Campinas, dando ensejo a que seus soldados mercenários assassinassem covardemente os feridos hospitalizados, além de perseguir os revoltosos nos esconderijos próximos. Ao encontrar-se em Campinas, em 1860, o jornalista português Emílio Zaluar ouviu de um amigo o seguinte relato: “Depois de terem sido os insurgentes batidos, fuzilados, dispersados pelas forças imperiais, os soldados, para completar a vitória, foram de espáduas nuas, espingardas e baionetas, dar busca em roda do sobrado e pelo mato, a ver se encontravam algum desgraçado que tivesse escapado do seu furor”. Muitos conseguiram fugir, como foi o caso de Vitoriano de Souza Rocha que refugiou-se no sertão de Botucatu e ali fundou, em 1861, a cidade paulista de Avaré. Em Venda Grande, os mortos foram enterrados provisoriamente até que, pudesse ser dado aos seus corpos, local mais condigno. Conta-se que Joaquim Bonifácio do Amaral, Visconde de Indaiatuba, barão do café, eminente liberal campineiro, não se esqueceu dos seus ex-companheiros assassinados no local: tempos depois, voltou ao Engenho da Lagoa, abriu covas de sepultamento, recolheu seus ossos, levou-os para o cemitério a fim de que permanecessem em campo santo, segundo hábitos cristãos. Ninguém, ao que parece, ficou sepultado em Venda Grande.
Merece destaque especial a figura do capitão e herói de Venda Grande, Boaventura do Amaral Camargo. Natural de Itu, S.P., foi batizado em 1789. Militar consagrado, em 1812, participou nas campanhas do Sul contra os castelhanos. A pedido de Rafael Tobias de Aguiar, comandou como capitão o “Corpo Municipal de Permanentes”, origem da atual Força Pública do Estado de São Paulo. A 2 de junho de 1842, comandando uma tropa de cavalaria de setenta homens em Venda Grande, ofereceu tenaz resistência ao inimigo, pois os demais deserdaram. Isolado, o destemido revolucionário veio a tombar em lance dramático. Conforme a descrição do médico irlandês Ricardo Gumbleton Daunt: “ prenderam-no e no ato, propositalmente, feriram-no, levando-o para a casa da antiga fazenda que era o sobrado. Aí, atiraram-no na cama e na mesma noite os soldados o assassinaram a sangue frio”.
No inquérito militar ocorrido no Rio de Janeiro, muitos liberais foram presos e condenados. Triste espetáculo foi assistir aos prisioneiros descendo em Santos, desfilando pela rua Santo Antonio com destino ao cais, de onde partiriam para julgamento na Corte. O líder Antonio Manoel Teixeira foi preso e exilado como os demais companheiros, entre eles, figuras ilustres como Rafael Tobias de Aguiar, o senador Nicolau de Campos Vergueiro, eminente fazendeiro de Ibicaba e responsável pela introdução da mão-de-obra livre em plena época da escravidão. Todos, mais tarde foram anistiados.
Segundo o estudo de Maria Onice Felix da Silva, a crendice popular continuou atribuindo ao local da batalha caráter de cemitério, e é justamente pelo nome de “cemitério de guerra” que os antigos moradores do lugar identificam o local, e até pouco tempo, diziam que fantasmas de soldados rodeavam aquela região e que na antiga lagoa que ali existia aparecia sempre uma luz que a iluminava. O fato é que o movimento de Venda Grande permaneceu esquecido por 114 anos, até que, em 1956 o Centro de Ciências, Letras e Artes de Campinas, através de seu departamento de História, erigiu um marco comemorativo em granito rosa em alusão ao grande acontecimento. Em 2002 foi inaugurada no mesmo local uma lápide de concreto em homenagem aos heróis campineiros mortos. Quanto à sede do Engenho da Lagoa, desabitada desde a morte de seu último proprietário, o major Teodoro Ferraz Leite, ficou entregue a uma escrava de confiança e conhecida por todos como Mamã Caetana. O sobrado durante o confronto fora saqueado e transformado em hospital, servindo de acomodação aos feridos. No início do século XX, foi demolido e as terras foram absorvidas por proprietários vizinhos, surgindo daí, o bairro Santa Mônica.
O próprio imperador D. Pedro II diria mais tarde, na avaliação dos idos de 1842, que o decreto de 1º de maio, com a dissolução da Câmara e suas conseqüências, afetando a situação de São Paulo, que contava com Minas Gerais e a solidariedade do Rio Grande do Sul, fora um erro político, talvez o maior de seu reinado, aliado a gastos enormes com transportes e manutenção de tropas, chegando a cifras monstruosas para a época, num total de 600 contos de réis. A anistia para os revoltosos aconteceu em 1843, depois o retorno dos revolucionários, o luto de muitas famílias e o silêncio. Entristecido, o monarca visitou Campinas em 1846, com a finalidade de eliminar algum desconforto que ainda persistia pela adesão campineira ao movimento liberal de 1842.
Segundo o historiador Celso Maria de Mello Pupo, “Venda Grande tem sido para Campinas uma tradição estremecida; os antigos a ela se referiam com veneração, cultivando sua memória como a de um ato meritório, caro e merecedor de uma lembrança que se perpetuasse, que se transmite às gerações vindouras”.
Compreender o combate de Venda Grande, portanto, é compreender a grandiosidade dos homens campineiros, é olhar para o passado e para o presente e ver a envergadura de nossos cidadãos, sua altivez, sua visão libertária e sua ação no sentido da construção de uma sociedade livre e produtiva, sentimentos que nunca nos fizeram arrefecer diante de tantas ações retrógadas. O progresso de hoje é semente plantada por homens honrados como Rafael Tobias de Aguiar, Boaventura do Amaral e Teófilo Ottoni. O liberalismo está no coração de todos os paulistas e mineiros que, juntos, até hoje, lutam pelo engrandecimento da Pátria brasileira.
Bibliografia consultada
1) Almeida, Aluísio. A Revolução Liberal de 1842. Rio de Janeiro: José Olympio, 1944
2) Amaral, Leopoldo. A Venda Grande. Gazeta de Campinas, 7 jun. 1927.
3) Faoro, Raymundo. Os donos do poder: formação do patronato político brasileiro. 2ª Ed. Porto Alegre: Globo, São Paulo: USP, 1975. V.2.
4) Florence, Amador Bueno Machado. Gazeta de Campinas,7/13 jun/jul 1882.
5) Pupo, Celso Maria de Mello. O combate de Venda Grande em 1842. In: Revista da Academia Paulista de História, São Paulo, nº 2 pp.83-108.
6) Revista do Centro de Ciências, Letras e Artes, nº 64 pp.117-119.
7) Santos Filho, Lycurgo de Castro. O desventurado Boaventura do Amaral e o combate de Venda Grande. In: Revista da Academia Paulista de História. São Paulo, nº 1, pp.48-53, 1981.
8) Silva, Maria Onice Felix da Silva. O combate de Venda Grande: entre a Memória e a História. Amparo. Publicação da Faculdade de Ciências e Letras “Plínio Augusto do Amaral, 1996.